Cientistas norte-americanos descobriram um vírus que reproduz genes capazes de localizar e eliminar tumores cerebrais em ratinhos, indica um estudo publicado esta quarta-feira.
Um dos aspectos salientados pelos investigadores é que esses genes deixam virtualmente intactos os tecidos cerebrais saudáveis e centram o seu ataque nas células cancerosas.
O estudo, publicado no The Journal of Neusoscience, foi realizado durante seis anos por uma equipa da Faculdade de Medicina da Universidade de Yale dirigida por Anthony van den Pol.
O trabalho centrou-se na actividade do vírus «vesicular stomatis», seleccionado pela sua capacidade de atacar tumores cerebrais deixando os tecidos saudáveis em grande parte intactos.
«Este estudo mostra que o vírus entra no cérebro e chega mesmo às células que se afastam do tumor principal», referiu Harald Sontheimer, oncologista da Universidade de Alabama em Birmingham, não envolvido no estudo.
«Assumindo que o vírus se comporta de forma semelhante nos humanos, isso poderá, no futuro, configurar uma forma inédita e altamente eficaz de tratar tumores resistentes», acrescentou.
Células tumorais de cancros cerebrais que se desenvolvem tanto em ratinhos como em humanos foram implantadas em ratinhos imunocomprometidos que depois receberam uma injecção de vírus na cauda.
Através de proteínas fluorescentes comuns a células tanto dos tumores como dos vírus nos cérebros de ratinhos vivos, os cientistas viram como o vírus infectou várias zonas do cérebro e se disseminou por todo um tumor em três dias, deixando à sua passagem um rasto de células tumorais mortas.
Os autores do estudo garantem que o vírus não atacou células normais dos ratinhos nem células cerebrais humanas não cancerosas transplantadas para o cérebro dos ratinhos.
O vírus também se mostrou eficaz na destruição de tecidos cancerosos que têm origem na mama ou nos pulmões, os dois tipos de cancro que mais se propagam ao cérebro.
Segundo os cientistas, futuras investigações deverão centrar-se na compreensão dos potenciais riscos de segurança, incluindo a possibilidade do vírus infectar células normais do cérebro, e na exploração de possíveis alterações do vírus que possam mitigar esse risco.
«Temos algumas ideias para fazer com que o vírus seja seguro no cérebro humano», disse van den Pol. «Isso é importante para impedir que eventualmente o vírus infecte células cerebrais normais depois de atacar o tumor cerebral».
Fonte: Portugal Diário